sexta-feira, 17 de abril de 2009

Contraste


Só sei que de algum jeito tudo iria ficar muito estranho. No começo era apenas homem x animal, peão contra boi e vice-versa. Para mim, a festa transcorria bem até que a convite de bons velhos amigos me uni a eles numa mesa abatida por jogos de truco ou por banais bêbados empolgados.

Para meu profundo e metafísico incômodo, havia ali uma rosa que lutava por um espaço entre os copos repletos de cerveja e, não obstante, cigarros baratos. Prostitutas, amigos de toda sorte e natureza marcavam presença ao derredor do objeto/palco de minha linha de raciocínio, a mesa.

Pobre da rosa. Tão ingênua como uma criança que está para nascer. Mas foi ela quem ressarciu minha ânsia por manter-se puro. Inalei o odor da rubra planta até perceber o quão inversa, segundo valores morais urbanos, era aquela situação.

Tive pena da rosa que apesar de tão bela, corrompia-se paulatinamente com tanta promiscuidade a assolar sua beleza natural.

Um pequena interregno me motivou a aspirar novamente o tal perfume. Eu precisava sair dali e salvar a rosa, mas me deixei levar por risos e juras de amizade.

Neste momento estou no meu quarto. São duas e cinqüenta e um da madrugada. Saí ileso daquela mesa, abandonando, por mera distração, a causa de ser “O Salvador da Rosa”.

Mas tenho certeza absoluta (mesmo que esteja cometendo pleonasmo) de que a essência daquela rosa permanecerá nos anais da história da minha vida. Continuo sem entender o motivo deste texto, mas hei de discernir o porquê de esse fato ter acontecido. Só não se vou conseguir em meio a tanta confusão que me ocorre agora.

Mas em meio a tantas pessoas que insistiam em puxar assunto, algo com caule e pétalas me chamou a atenção e arrebatou-me os sentidos, e você já sabe o que é.

Novidades...


Quero começar a viver de um novo jeito. Ter outros tipos de compromissos. Esses de agora já me sufocaram e me envelheceram por demais. Estou me sentido como um ranzinza precoce mas consigo esconder esse meu lado caduco numa boa. Mas não quero ter que esconder nada, ou não quero ter nada para esconder. Quero ter motivos reais para pegar o violão e cantar minhas músicas favoritas. Sentar com amigos e falar de minhas investidas e seus resultados, ou simplesmente falar da cor do céu daquela tarde, ou do brilho das estrelas daquela noite. Quero amar intensamente a música e meus cachorros. Quero ter mais tempo para minha família, de um tempo pra cá eu percebi o quanto eles são importantes na minha estabilidade emocional, embora certas desavenças insistam em querer implantar desajustes em nosso relacionamento. Quero conquistar mais amigos ou colegas. Quero arranjar uma namorada, bem bonita, por dentro e por fora. Quero viver um pouquinho mais, para ter certeza de que tudo não foi em vão, de que tantas solas não foram gastas à tôa. De que troquei tantos encordoamentos sem ter tocado um coração sequer. De que fiz tantos acordes sem ter encontrado a harmonia perfeita...