sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

A Dermas



Todos os finais felizes juntos de todas oito as últimas novelas das oito da Globo não são capazes de competir com a felicidade que mora nos sentimentos de Juditinha.
De fato, ela é muito feliz, mas muito mesmo. É, não estou exagerando!!!
Ao acordar, enquanto se espreguiça já cantarola com voz rouca da manhã os romances de Caetano Veloso. Ela consegue percorrer pelo menos uns dois discos até a hora do almoço (por que têm aquelas pausas dedicadas a Fernando Pessoa, é praxe rs)
O cheiro do almoço compartilha a companhia do suave odor pós bainho do qual Juditinha desfruta antes de sentar-se à mesa. Três pequenas guarnições (arroz, pepino, e... ...mas pepino rs (ela adora)) acompanham o mini chickem improvisado em virtude da distração romântica de Veloso fundido à Pessoa.
Enquanto a comida se assenta na barriquinha lisinha de Juditinha o toque do celular justifica a pausa nas antologias poéticas. É Dermas, cinco minutos franzindo as duas sobrancelhas e um sim como resposta encerram a terna, cândida e idílica dialética (aff rs).
Pode-se imaginar o tamanho da comemoração do outro lado da linha, não é qualquer um que convence a linda moreninha a simplesmente dar uma volta, como fez o sortudo Dermas...
Às seis em ponto e como combinado, o homem bate à porta a espera da moça. Passos que ganham volume podem ser ouvidos pelo jovem mancebo que, à essa altura conseguiu realizar a proeza de lançar ao chão três pétalas das rosas que segura em sua insegura mão esquerda que treme mais que britadeira em dia de obra. Enfim ela abre lentamente a porta, numa cortesia de deixar que seu perfume saia primeiro e num golpe baixo ao enlouquecer ainda mais o pobre.
Bom nesse ponto da história, a calçada lhes é palco de uma conversa que pode ou não render. O importante mesmo é que o grande Dermas conseguiu, ao convencê-la do passeio, assumir o papel de protagonista. Vida longa a Dermas!!! “Ê Juditinha (pensamento ímpar)!!!”

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

The "Ari" s...


Hei, hei, hei..., gritou Marina, mas Ari não ouvia (ou não queria ouvir). Até que Marina indignou-se e jogou-lhe uma pedrinha.

“Na mosca", ela comemorou. Ari olhou, pensou, olhou de novo e começou a fazer xixi no poste que estava à sua frente, uma atitude corajosa de Ari, pois marina odeia quando ele faz isso.

Para se vingar, Marina destila o veneno que destrói Ari, Marina espera ele terminar e grita: "Me espera Aristóteles!!!".

Ari(stóteles), indignado com a provocação que mais lhe enfurece virou-se para o poste e tentou fazer xixi novamente para se vingar de Marina mas a "fonte" havia secado.

Até que ela o alcançou, e Ari, ao deparar-se com a beleza de Marina que ele já conhece, encosta suas mãos molhadas (molhadas de que?!?!?!) no rosto de Marina e... e... e... e...

(uma voz grita)

Aristóteles!!! Aristóóóóteles!!! Acorda minino!!! Olha a hora!!!!

Ari acorda indignado, era tudo um sonho. Agora ele está realmente indignado: "Já acordei, e não me chame de Aristóóóóóóteles!!!!!"

Desímpar "O carma dos Raimundos Nonatos"


Todos os poderes significam nada para Raimundo. O que mais o chateia é que ele é um... um... um... um Nonato!!!

Ele tinha tudo, tinha a todos à direita, à esquerda, à frente e à retaguarda. Era amado e odiado, mas ele seguia a filosofia "falem bem ou falem mal, mas falem de Raimundo e não toquem em Nonato!!!".

Era seu carma. Já brigou com a mãe, espraguejou o pai, mas nada adianta, nada mitiga o repúdio que tem por "Nonato", sua marca registrada. Isso tudo porque Raimundo tem tudo - ou melhor, quase tudo - o que sempre quis.

Mas tem algo que lhe confrange o coração, algo que impede o maior anseio de Raimundo: ser diferente, ser único!!!

O desespero de Raimundo instalou-se no dia em que leu uma frase de outdoor, a frase que o tornava não diferente como queria. Mas o tornava normal como o mais simples dos homens. Como o mais simples dos brasileiros. Em bom português, a frase dizia assim: "Todo Raimundo é Nonato!!!"

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O óbito


Aquela faca cortou fundo...
Ele sentiu a dor depois que o vermelho tomou conta do tapete e o interessante é que não ouvia nada. As cenas se passavam, homens fardados corriam de um canto a outro carregando algumas ferramentas que pareciam ser instrumentos médicos. Até que um deles se aproximou, pegou no pulso direito e tentou impedir que o sangramento prosseguisse, mas ele já havia perdido muito sangue e desmaiou.
Algumas horas depois quando acordou, viu uma luz forte e branca, olhou para os lados e concluiu que estava um leito de hospital. Não enxergava direito, não ouvia muito bem nem tampouco sentia seus membros. Uma mulher, não muito atraente, trouxe alimento e alguns comprimidos, ele preferiu os comprimidos, a comida estava com uma cara péssima e um cheiro horrível, sem falar que Márcio odeia fígado.
Até que entra outra mulher (essa sim era atraente) e deu-lhe um beijo na boca que deve ter durado uns cinco segundos, talvez mais. Márcio virou o rosto em forma de protesto. Não queria ver ninguém, muito menos Marina, sua noiva. Eles haviam brigado feio, tudo por causa de um mal entendido que fora causado quando Marina viu Márcio se despedindo de uma amiga da faculdade, a amiga havia lhe beijado a boca acidentalmente na despedida e Marina viu.
Os planos de vingança fluíam paulatinamente na cabeça de Marina.
Ela se arrependeu de ter acusado o noivo daquela forma tão veemente e chorou durante alguns minutos ao pé da cama onde estava Márcio. Uma enfermeira tentou oferecer algum consolo e conseguiu retirá-la do quarto. Os cigarros, o wisque, a tv, a família, nada nem ninguém finalizava a aflição que assolava Marina, e que também assolava, a essa altura, a família do rapaz, os amigos mais próximos, companheiros de trabalho e de faculdade. A essa altura, quase uma multidão preenchia a porta e os corredores daquele hospital localizado no centro de São Paulo. Tamanha movimentação trouxe ao local também, nada mais que a imprensa, a grande imprensa, os primeiros repórteres a chegar foram os da Folha de São Paulo, pouco a pouco, O Globo, O Estadão, O Estado de São Paulo e Jornal do Brasil tinham no local seus representantes. O motivo pelo qual tantos jornalistas estavam presentes podia ser agora ouvido pelo noticiário da Tv: “Um enorme grupo de jovens está concentrado na entrada e nos corredores do Hospital Regional de São Paulo, tudo para que todos possam visitar o amigo Marcos Brandão Nunes de 23 anos, estudante de direito da USP, que teria cometido uma tentativa de suicídio logo após discutir com a noiva Marina Morena Escalante de 22 anos. Os jovens, na boa intenção de visitar o Marcos, acabaram congestionando dois corredores do hospital e conseqüentemente atrapalham, neste exato momento, o trabalho dos médicos que tentam socorrer oito vítimas de um acidente automobilístico que ocorreu há aproximadamente 20 minutos na Via Dutra.
Mas infelizmente os médicos que cuidam do caso de Marcos acabaram de informar que o jovem não resistiu e foi à óbito.
Pode-se observar uma cena curiosa na entrada e corredor central do hospital: os jovens estão cantando a música I’am outta time da banda britânca Oásis em homenagem ao jovem que acabou de falecer.
É uma cena marcante! Vozes e lágrimas se misturam e ecoam pelos corredores do hospital num tom de inconformidade com o fato. Os jovens cantam toda a letra enquanto se abraçam e choram copiosamente. É mais uma cena chocante que anunciamos com grande pesar, mais uma vida que se foi.
Voltamos para os estúdios.

Amor em Cíanos


A cidade resplandecia em tons de azul com verossimidades de cíano de tão suave que era sua cor. Os amores uniam-se nos banquinhos branquinhos da praça bem iluminada. E o vendedor de rosas atendia à demanda.

Quando as mãos se uniam, concomitantemente a respiração aumentava e paulatinamente os batimentos do coração aumentavam. Os pensamentos dedicam-se a fabricar frasezinhas românticas e de impacto. E o amor aumentava. (Quanta redundância!)

Pode-se observar de longe os coraçoezinhos vermelhos flutuando por entre os pares de rostos apaixonados. A essa altura o cupido já está gastando quase que a última de suas infalíveis flechas na praça que fica no bairro ao lado.

Até que ela vence pela insistência, a primeira gota de lágrima não pode ser contida, e as posteriores também não. Ele a consola com um abraço, daqueles que lhe envolve a dor e toma para si. Ela se sente melhor, mas apenas o abraço não é suficiente para mitigar a dor de Marina.

"São apenas dois meses, só mais dois meses". Marina sofria de câncer, lhe restavam apenas dois meses de vida, e isso lhe confrangia o coração, pois há três semanas conhecera Luciano - seu grande amor.

"Serão dois meses de intenso amor, tenha certeza!" Exclamou Luciano, que passou a passar as noites com Marina na inspiradora praça, rendendo-lhe discursos laudatórios e juras de amor. Porém, o tempo não lhes perdoara e cumpriu sua parte, passou e passou.

Luciano dedicava-se o dia todo a pensar na amada que partiria. Já não se concentrava mais no trabalho, as notas da faculdade caíram, também emagrecera cerca de oito quilos.

Marina já não pode mais ir à praça. Agora, a UTI lhe é abrigo, é também de Luciano, o qual não levanta dali um minuto sequer. Fica ao pé da cama observando-a pormenorizadamente. E beija-lhe de cinco em cinco minutos. Até que os médicos observam... e pedem que Luciano os deixem à sós com Marina. Este reluta, mas entende que é necessário. Luciano deixa a sala, mas espera na porta juntamente com a família da moça.

"Ehhh, infelizmente..." Luciano não espera o médico encerrar o veredicto e desesperadamente invade a sala aos prantos e abraça o corpo de Marina. Ninguém o tira dali. A não ser quando o corpo é recolhido para ser preparado para o velório.

Luciano não compareceu ao velório, nem ao enterro. Foi um pedido de Marina, que só queria a presença de Luciano enquanto ela estivesse presente. Em vida. O pedido de Marina foi respeitado pelo amado, que, agora, tenta (inutilmente) não pensar nos bancos brancos que outrora foram palco do maior amor vivido em todos os tempos.

...


Com o amor interrompido, assim Paulo sofreu, - O amor era tão sincero! (pensou) Como eu o perdi, deslizou como a água que não posso conter nas mãos, que agora estão secas e precisam de tua umidade meu amor. Mas que amor? Ele não havia sido interrompido?
É mesmo, (lembrou Paulo) tô viajando muito na maionese.
Paulo foi ao armário (ah, eram 9:47 da manhã) e lançou a mão no waffer de nozes, só que ele lembrou que "esse é o último daquela compra que eu fiz com..."
Foi à sua cadeira manjada de todas as manhãs, com o dedão do pé esquerdo ligou o estabilizador, com o dedão do pé direito ligou a cpu. E, como que de propósito, ninguém estava online no msn, e só havia recebido toneladas de vírus no Orkut (um palavrão lhe escapou pelos lábios). As esperanças também lhe escaparam, cabia ao waffer conferir-lhe uma última lembrança. Nesse dia ele não queria sair de casa, tentou proferir uma melodia mas o violão de cordas de aço de tensão pesada não mediava nenhuma emoção, só acordes. "Onde estão meus sentimentos?" (questionou Paulo)
Estavam todos ali, no waffer, que, por sinal, estavam próximos do fim (do pacote). A inquietude crescia, e o amor retornava ao seu lugar de origem, os waffers de nozes enfim realizavam sua missão aqui na terra!
Foi aí que Paulo recorreu àquela roupa, aquela bem bonita, e saiu pela porta à procura de Mônica, mulher com a qual fez sua última compra dos 37 pacotinhos de waffers de nozes.
O amor havia renascido!!!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Falta de assunto


É impressionante como nos falta assunto na hora em que mais precisamos dele. Digo isto porque meu professor pediu-me uma crônica e não sei sobre o que falar, sobre qual tema dissertar e nem por onde começar.

Percebo nessas horas de aflição que a falta de inspiração é um mal que assola toda a comunidade de estudantes em todos os níveis. Isso mesmo, do fundamental ao superior falta-nos argumento justamente na hora “H”. Remonto-me aos tempos de menino quando a Tia pedia para a gente escrever sobre nossa família e nossos amiguinhos. Nossa! Como eram minutos difíceis! Parece que todo mundo era craque e todos os textos eram perfeitos e bonitinhos menos o meu.

Mas o martírio não para por aí. Logo depois vem o ensino fundamental onde a pré-adolescência bate à porta juntamente com novas idéias e a formação da mentalidade. Mas parece que nossa capacidade de compor um texto não corresponde à nossa formação mental, física e de caráter (não que isso tenha algo a ver com o tema (ou com a falta dele)). Não foram poucas as vezes que passei apuros entre uma mesa e uma cadeira para fazer uma redação sobre a falta de água no planeta, a violência no meu bairro ou a corrupção no Brasil. Donde concluo que eu havia crescido, mas não plenamente.

Mas pensando bem, não tenho certeza de que esse problema teria algo a ver com má formação em alguma de minhas faculdades mentais, pois, logo após a fase supracitada, entramos num período da vida onde a palavra “cobrança” nos acompanha onde quer que estejamos. É o ensino médio que, por natureza, nos remete a palavra vestibular. E é sem dúvida, uma fase na vida do jovem, onde essa cobrança ininterrupta forma uma camada de peso na consciência por ter que ser o melhor em testes didáticos e decidir logo o futuro. A essa nossa época cabem exemplos verídicos de pressão psicológica que nos fazem falhar na hora de escrever pra valer: são os vestibulares, concursos a torto e a direita e afins. A pressão de ter que ser o melhor nessas horas é, em alguns (muitos) casos, o motivo pelo qual não conseguimos por no papel nossas idéias de maneira clara ou às vezes o argumento nem nos vem à cabeça.

Pergunto-me, não sou um estudante de jornalismo? (eu mereço) É outra pressão. Os jornalistas não são aqueles cuja letra está em todo tempo na ponta da língua e do lápis? Não, não são. Pois, como todo ser humano, somos passíveis de erro, e de maus dias, nos quais não conseguimos assinar nem o próprio nome, quanto mais compor um texto, ou uma simples nota que seja. Uma crônica então, um texto cuja opinião do escritor é o que predomina, exige deste, pleno domínio sobre o assunto. Na crônica, normalmente, o jornalista toma um viés diferente do que é pregado na mídia, dissecando as diversas ramificações de um mesmo assunto. Mas como disse acima, um jornalista é feito de carne e osso e o cronista também. Será que nunca faltou assunto a Ruy Castro, Nelson Rodrigues ou Rubem Braga? Claro que sim.

Afirmo com veemência que houve dias em que um desses sentou à mesa de sempre para compor e tomou um susto ao perceber que naquele dia não havia nada para dizer, o lápis não mediava nenhum sentimento ou a mais simples das idéias, que fosse.